Estações
Se me tens na memória
enquanto rebuscas as noites
através do calor das pessoas,
do verão
pelas frescas madrugadas,
são razões estranhas
que machucam outra vez
meus dias
sufocando minhas noites,
enquanto perambulo pelos papéis.
Mas já é tempo,
hora de criar,
tentar ao menos desaparecer,
esquecer
sem ser vítima,
mas, abusar do fascínio,
da fuga,
do jugo da saudade
que mata,
predomina
enquanto tropeço em cada esquina,
em mudança folha
pelo outono que nos acolheu,
o último,
mas nada importa,
a ida será sem retorno,
a folha vaga será morta
pela ferida da saudade,
pelo gesto inesquecível
de perder a pena
pela mão pendida,
no rosto molhado da vida extinta