Outra vez

Bateu saudade de ti novamente
Assim
De repente
Do nada

Até já estava com o coração
Sossegado
E o sono tranqüilo
Era despovoado
De sonhos

Que sempre
Te traziam a mim
Em mosaicos de mãos
Entrelaçadas
Abraços bem apertados
E olhares meus
Mergulhados nos olhares teus

E se à noite tu me vinhas
À luz do Sol
As lembranças eram
Ainda mais nítidas
E
Absolutas
Ocupavam os meus pensamentos
Como teias
Ou como sangue
Nas minhas veias
Sustentando-me no chão

E então
A magia dissipou-se
Como neblina
Aos primeiros raios de luz


Meus sonhos fizeram
a reintegração de posse
De mim mesma
E não mais permitiram
a ocupação indevida
De tua presença
Antes tão bem-vinda

Assim dias e noites
Deixaram de lado o sobressalto
Eclipsaram-se as chuvas de verão
Os luares
Os arco-íris no meio da tarde
As estrelas cadentes
Cortando o céu

Até que a saudade
De ti
Me bateu no peito
E se adonou novamente
Do meu coração
É que me esqueci de pegar a chave
E nem me preocupei em trocar
O segredo da fechadura

E tudo se tornou tão igual
ao que era antes
como se fora ontem
o último encontro
sem adeus
sem  despedida
apenas um tempo
para que a volta
fizesse ainda mais sentido
para que
o que já estava escrito
se cumprisse
outra vez

E não é  que uma estrela cadente
com o seu quê 
de menina  inocente
e  traquina a um só tempo
cortou o céu neste momento?