Cadeia alimentar

meu amor errado que veio e já foi,

o amor certo, ainda espera resiste;

inútil, empurrar ao carro com o boi,

Tola inversão que qual doido tentei,

Não deu, alimentar tigre com alpiste...

Podemos fantasiar que suco é vinho,

Ao menos, quando se parecem na cor;

Aquecer com fortuitas penas ao ninho,

E supor que esse engodo é um ganho,

gato por lebre, não se vende ao amor...

é que insiste em ser mais que desejo,

esse ordinário que qualquer água mata;

rastreia ao leite para aprovar o queijo,

transfere a alma durante alheio beijo,

beijando lebre, ainda beijo minha gata...

esse teimoso desencontro do apreço,

eu ligado, ela, pode que esteja por fora;

pra galera é fácil encenar que esqueço,

mas, meu amor recusa mudar endereço,

e ela não pensa em sair de onde mora...

suco, alpiste lebre, até mesmo alface,

se é o que tem pra hoje a gente come;

não adianta plantar ventura, não nasce,

uma coisa é essa boia insossa que desce,

bichos aceitam pra não morrer de fome...