CUPIDO: AMOR OU DOR?
Dói,
Dói comumente perceber que não controlo o sentir e
Controlar os instintos emaranhados nas entranhas carnais
Que consome a libido
Dilacera o útero e aloja o pesar
Aperta a alma,
E sufoca o gérmen divino de humanizar-se
Pois essa dor que se desgasta
Que irrompe e eclode
Brota muitas vezes de um sentimento nobre
Despertador da sensibilidade
Transformador do feio e do pesadelo
Enviado pelo menino Cupido
Arteiro do amor.
- Por que ousas brincar assim?
Lança tuas flechas sem perceber que semeia dor,
Depois do efeito paralisante de teu veneno ardiloso?
Vem como anjo do amor!?
Se amar faz sofrer, então, como pode ser lícito?
Lanças em teu alvo a dor de ser escravo
E feres os que são rejeitados.
Faça-me um favor, anjo Cupido!
Voas bem longe do meu peito ferido.
Não me venhas com teu dardo maldito
Ferir esse mero senhor.
Causa-me espanto deitar-me nos braços do padecimento
Pois se amor é sofrer, e, sofrer é amor,
Saia para bem longe de mim
Anjo dissabor!
Anne Lima