Ah se ainda estivesses...
Já não passeias mais em minha poesia,
como feito fostes, como d’antes fazia.
Não iluminas mais minhas penumbras,
também já não é teu este lugar.
Mudamos, somos mutáveis,
riscamos dos nossos bordados,
as mãos antes enlaçadas,
fizemos lixo de tanto amor.
Hoje és, estás acima do meu mundo,
longe da poeira que contamina.
Já não te chamo de menina,
se, de algo me chamas, bem o sei...
Como vês nem em meu pensamento estás,
somos fugas,
caminhos trocados.
Já não passeias em minha poesia!...
na incoerência de cada verso,
tentando omitir, negar ao mundo
que tanta ausência não foi o bastante,
para vir soterrar no peito em escombros
uma vida chamada amor.