Me deixo ficar, me deixa ficar

Te amo

sem ponto

sem vírgula

sem sensatez

Na insanidade dos amores grandes e vorazes

Te amo de um vermelho denso e vivo

que me toma toda e faz refém de ti e do que sinto pela tua figura absolutamente humana

Tão vivo e denso quanto a dor de meus desacertos

Insana

Te amo

de um azul celestial

que tanto me mostra a calmaria dos dias ensolarados

quanto a violenta beleza dos dias de tempestade

Perene

Te amo

de um verde erva escura que, por seu excesso, se encontra embutida de veneno até o último filete

mas também de um verde folha branda tremulando em compasso com a leve brisa

Viço e visco

Te amo

de um amarelo ouro e riqueza que de tão reluzente me turva a visão e me subverte os sentidos

de um amarelo manga madura e cheirosa que me arranca a vontade de querer sempre o teu gosto em minha boca

Demorada

Te amo

de um prata navalha que me corta e sangra o peito sempre que te aflijo

de um prata ofuscado pela nossa “desrotina” que me insiste em deixar criança, suspensa e sem senso

Perdida

Te amo

de um querer-te tão profundo e imensurável

que sempre me afogo nos teus afagos

e te afago até mesmo no meu desespero,

onde te afogas e perdes o ar

Assim, viajo no teu querer sem rima nem métrica

Na amplidão de tua simplicidade

E me encanto na coerência de suas ações

e sempre mais no calor de teus carinhos!

Violenta e amorosamente densos

Ambos

Te amo

de um,

mesmo sem saber como fazê-lo,

querer morar para sempre na casa que é seu coração.

Me deixo ficar!

Me deixa ficar!