VOCÊ NÃO SABERÁ

Você não saberá de minhas dores

Que se abraçam, se aninham em mim

Como limo nas margens de pedra

Dos lagos mansos e silenciosos.

Não saberá que entre as folhas do peito

Ainda conservo o perfume de seus lábios.

Que sou árvore guardando ninhos,

Preservando biomas de saudades.

Não saberá que meus olhos entardecem,

Rumorejando canções de silêncios

entre as dobras que a noite desenha

Para colher estrelas ensurdecidas.

Não saberá que meus outonos chuvosos

Não conservam frutos para um amanhã,

Mas preservam sementes de outrora

Na espera que suas mãos, um dia, as lavourem.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 28/08/2014
Código do texto: T4940121
Classificação de conteúdo: seguro