VOCÊ NÃO SABERÁ
Você não saberá de minhas dores
Que se abraçam, se aninham em mim
Como limo nas margens de pedra
Dos lagos mansos e silenciosos.
Não saberá que entre as folhas do peito
Ainda conservo o perfume de seus lábios.
Que sou árvore guardando ninhos,
Preservando biomas de saudades.
Não saberá que meus olhos entardecem,
Rumorejando canções de silêncios
entre as dobras que a noite desenha
Para colher estrelas ensurdecidas.
Não saberá que meus outonos chuvosos
Não conservam frutos para um amanhã,
Mas preservam sementes de outrora
Na espera que suas mãos, um dia, as lavourem.