CALÇA BRANCA





Paredes de gelo
Eu , um quarto
um apartamento
Não tenho quem quero
Decimo primeiro andar
Janela aberta
Uma represa a admirar
A felicidade que quero
Insiste em não me acompanhar
Em meu corpo
calça branca e comprida
Sentado na cama
Olho a cortina
É toda de seda
dança com o vento
Que convida a se entrar
Relógio com tic
Tac não tenho
O tempo não anda
Necessito você
Vou ao espelho
Ele esta todo triste
Só , semi abandonado
Apenas eu para me servir
Quero só goles do vinho
Da torneira cai a água
Enche as mãos
Molho os cabelos
Gotas caem ao rosto
Desce pelo peito
Molha calça branca
É a água do sal
Meu suor
Febre da solidão
Fundo do espelho
Quarto ainda vazio
Volto ao meu rosto
Tento um sorriso
Penso em você
Purifico meu viver
Meu corpo
Só um corpo
Vivo só a mente
Olho a janela
Vejo à entrando
Meu quarto meu templo
A cortina o teu véu
Cerimonia é o beijo
O direito do amor
Semi nu e de costas
Te aguardo ao abraço
Tua boca em minha costa
Tuas mãos em meu peito
Viro , também a saboreio
Sem ter nada a dizer
Sintonia a despertar
Meu tic , seu tac
Molhados de suor
Lá fora um todo
Aqui dentro um tudo
Adorável mente
Um quarto de mim
em minha calça branca.