INDOMÁVEIS AMANTES

Vamos achar
uma solução definitiva
para não morrermos,
querida;

de pronto,
entraremos num severo
regime de ilusões
e de imagens

que semeiam,
a cântaros cheios, pelas ruas, avenidas
e metafóricos céus
por aí.

Ah, e claro,
devemos ter todo cuidado com os pássaros,
os vaga-lumes, as borboletas,
as joaninhas e, sobretudo,
os anjos de plantão

que vivem
bem vestidos de peles, cantos
e luzes por aí; porque, na verdade,
podem ser obesos monstros
disfarçados,

a oferecerem vidas
e amores plenamente puros e fulgurosos,
para depois enterrarem suas crias
em porvires mortes.


Eu bem sei
de tudo isso, meu amor;
e eis porque proponho que nos morramos antes
– por nossas próprias escolhas –
às atuações que sejam
deles,

e tentemos viver
à nuvem com o que nos haja
– mesmo que pareça pouco –, verdadeira,
inalienável e inexoravelmente
só nosso.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 26/08/2014
Reeditado em 26/08/2014
Código do texto: T4938136
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