Musa

Não sabes e talvez não saibas,

que és e para sempre o sereis

dom da poesia vinda

sem que eu saiba por que.

Se te falo em silêncio,

a noite, apenas escuta

espanando-me com ventos,

criando em pensamentos

coisa sem causa justa.

Sou raiz, fundo de terra,

quero aflorar, florir em sua boca

e descansar a poesia,

celebrar no papel já rasgado,

todos os afetos negados.

Quero ressonar sem rabiscos,

queimar todos os versos

e brincar de amor,

sem nunca, nunca ter que...

apenas, faze-lo em papéis.

Não sabes e quem sabe,

saibamos juntos,

que este dom vindo

fará de mim um menestrel,

navegante das pautas

enquanto tu a ilusória,

serás a eterna luz transitória

pairando na poesia.