Arrependimento

Não sei por que falo sempre de coisas,

passagens remotas,

motivos de tantas derrotas

nos amores,

aqueles, bem poucos, que chegaram

repentinos, povoaram,

silenciosamente evaporaram,

poluindo o ar com suas luzes,

enquanto a penumbra

me fazia nas ruas

ameaças, tranças,

espelhando cruas,

firmes, minha trajetória pelo rumo

sem traços, ao desconhecido.

Pequei, sim pequei

quando em soluços debrucei,

encolhi meu corpo nas vagas

tão perdidas quanto eu.

Pequei, quando tudo era seu,

do passado, dos amores

foram jogados à sarjeta.

Pequei quando seduzi

as noites tão pequenas,

levadas para arenas

com orgias e hilariantes momentos.

Não sei por que falo dos pecados,

da perda, das derrotas

em pesadelos, em revoltas.

Não sei por que falo tanto

de coisas, já sem efeito.