Desejo maior

Venho do azul

fazer festa em seus olhos,

recepcionar a vida esverdeada,

colorir sua história,

romper seu hálito,

debruçar em seu leito e ferver

a dura ausência.

Venho sem tempo, nada em acertos,

quero que a hora passe,

que o mundo seja breve

e a brisa fique em seus cabelos

enquanto participo um pouco,

antes que o azul se cale

o verde escureça

e a esperança fique morta,

e diga ao mundo que o sonho acabou.

Quero tempo para a paz,

aquele minuto do prazer

na boca relida,

pelo beijo retido

nos azuis sobre verdes,

confuso nas cores

da paixão os rubores,

tudo antes que o sonho acabe,

anterior ao fim do azul

quando o verde escurece,

sem que eu saiba onde hei,

onde hás de parar

quando tudo, tudo fenecer.

Marcelo Haroldo