DONA
Dona do meu mundo,
Me diz que porta se abriu,
Anjo, e te deixou escapar?
Qual o país que te enviou
Pra invadires meu reino,
Pra dominares meu cérebro,
Pra inundares meu peito?
Dona do meu dia,
Me deixa beijar tuas costas
E ouvir a doce música
Dos teus suspiros quando te arrepias,
Calando a insegura voz dos teus receios.
Deixa que eu entre na fortaleza dos teus segredos.
Mama, mãe de mim,
Dá-me teu colo.
Eu quero invadir teus sonhos,
Teus sonos, tua noite, tua calma.
Quero te pôr em polvorosa,
Contra a grade, contra a parede,
Rente à porta do desejo.
Dona do meu fogo,
Mantenha acesa a chama
Que me ferve o sangue,
Que me queima a alma,
Tira de mim a mentira e a verdade,
Salva-me da longa noite das distâncias.
Esqueci-me de todas as minhas vaidades:
Só me apazigua o teu ventre.