PROLEGÔMENOS
Um dia, eu serei um espelho fiel do amor,
Quando as mãos fechadas do egoísmo insano
Não lançarem a minha paz ao abisso do pesar,
E o ódio não tiver mais parte nenhuma comigo,
E a verruma cruel do ciúme não me perfurar
Os tecidos da alma com tamanho furor,
E o sonho não se transformar em dano,
E o fero inimigo tornar-se um vero amigo,
E a fé sincera deixar de ser explorada,
E o arauto do perdão falar mais alto,
E a lógica funesta do orgulho estiver errada,
E a treda vingança não me tomar de assalto...
Estarei, um dia, mais próximo de mim,
E assim mais perto também dos outros,
À medida que o embrião do amor enfim
For crescendo em mim pouco a pouco.