Transeunte da solidão

A vida me deixou em alguma esquina.

Vi as luzes se apagarem,

o dia raiar e afugentar os insetos noturnos.

Vi o tempo correr,

gente também que corria para condução.

A vida me legou uma esquina,

duas ruas

em uma só,

na boca gosto de pó,

o mel de quem se arrasta.

E o tempo concreto passou,

fui ficando,

me esgueirando,

as noites eram vencidas,

os dias derrotados

mas, o tempo, era vitorioso

eu, apenas um instrumento

como a bola que penetra nas redes.

Hoje, para traz nada edificado

nem sequer a sombra do pecado

na imagem de uma mulher.

E quem passou, viveu e não amou,

não viveu, supostamente admite,

se ilude na eterna espera

pelas esquinas

a dança do fechar de cortinas,

o brilho das luzes na noite que começa,

a ressurreição de alguma forma,

de forma feito forma de mulher.