EU ESTAVA DE SAÍDA
No antro da estética,
Entre pedaços de ferro,
Eu numa vida prática
Vivendo sem esmero
Quando então um dia
Um sorriso tão sublime
Condensou tudo ao redor,
Minha ausência fez-se presente.
Além de ti, só o ausente
E não sei explicar mais nada,
Apenas que entendi a relatividade.
Nem tempo nem espaço havia e,
Por um [instante] pude compor
Aquilo que jamais entenderia
Versos impensados, são de amor?
Sem sentir os pensei ou
Sem saber os senti?
Estavas ali, naquele canto,
Apenas um sorriso e teu encanto
Caiu sobre mim como um véu,
Cobrindo minha fria vida.
Ah, era como se o crepúsculo
Semeasse com seus últimos raios
A luz que me conduzisse
À instabilidade corriqueira,
À perda de métrica, rima ou peleja.
Se ao menos covarde não fosse,
Este poema, mesmo pobre, teria fim,
Mas o deixo em aberto
Pois não sei o que há em mim...