Que não falem que foi só um poema

Não quero que pensem,

que falem

ou despejem impropérios

em seu rosto,

pelo oposto,

pela vida,

causa única que burilou,

deu forma a pérola

que rolou,

feneceu pelos anéis da vida

pousado em outras mãos.

Não quero mesmo

que a vida se deslize

pelos papéis brancos,

cansados,

manchados pela tinta

da existência extinta

que ficou,

legou,

perdendo-se no vapor do verão

que passou sem início,

no princípio

do fim de nós dois.

Não quero que falem

sem que eu desminta que te amo.