Me fiz em poeta
Outra vez aqui,
pelas paredes sem hora,
sem serenos
nem venenos,
apenas calma, paz
que seja entregue aos eflúvios
que a madrugada dita,
que fazem da minha escrita
um poema,
uma algema
que prende, me arrasta
sempre que quero voltar
aos algures,
passarelas que foram nossas
como tudo foi.
Outra vez aqui
refletindo cortinas,
em meninas
de azuis ou vestes brancas,
pelas linhas pausadamente defloradas
fazendo da menina, mulher
que se entregou, perdeu-se
pelos labirintos da poesia
cedendo mais uma noite ao meu lado,
dando mais história ao passado,
enquanto busco rimas
pelo seu corpo, pelos poemas,
a noite avança,
mais um dia terei que enfrentar
em meus sonhos, outra vez aqui...
sem esperança.