Carruagem de sonhos

São olhos azuis da noite

que buscam os meus.

Delicadamente as vestes postas pelo chão

pela penumbra a silhueta rosada

esgueira-se ao leito,

espreita, aguarda

tamanha fé naquele amor

que se deita.

Por nada, sem amanhã,

pela manhã quase vazia

um dia a mais.

Mas o momento anterior,

que importa, ficou para traz

após o refúgio do desejo

pelo beijo

no corpo a corpo.

Ah! vida quase ingrata,

eu a queria perpétua,

retida ao leito, ao colo

para o beijo sem fim.

Amei sem saber que amava,

amastes sabendo que amarias

por um momento,

apenas aquele, todo de prazer.

Fostes, fiquei,

fui por onde fostes,

perdi, não encontrei,

pedi, ninguém me atendeu.

Fostes, mas levastes uma vida

naquele momento, todo o meu eu.