Um anjo e o umbral
Perscruto todos os cantos
Sinto teu olhar desvairado
Teu cheiro faminto e dolorido
Súplicas e mais súplicas assombram
A arrogância te fez imperfeito
Teu corpo é um farrapo de carne
Lágrimas secas de emoção
Passos miúdos dilaceram o som
Noite escura e putrefata
Lama por toda a parte
E ainda assim eu vejo os teus olhos
Como a implorar por algo que nem sabe o que é
Mãos postas em prece
Sonhos desfeitos e perdidos na imensidão
Espírito eterno e sofredor
A descrença fez tua alma
No abandono e sem esperanças
Nos cantos deste umbral
Quando encontrar olhos sem fé como o seu
Eu mostrarei o que é o amor e a caridade.