pelo telefone
(plagiando Donga)
- sabe o que eu queria mesmo?
era dar um beijo na tua boca!
- quê é isso, menino? ficou maluco?
- entenda como uma liberdade poética,
já que temos pouca intimidade
- há, há, há..., achei engraçado
- você é o tipo da mulher
que mais me atrai
quanto mais está afastada
- nossa, quê coisa!
- seus lábios, o sorriso,
o jeito seco de me olhar
e discordar,
dizendo que sua praia
não é bossa-nova,
é um samba-jazz
ou só jazz...
adoro que você me contrarie
- duvido
- é verdade
gosto que você me mostre
que não sou sabido demais
você me satisfaz
quero ficar mais afastado de você
porque gosto de sentir a sua falta
- assim vou ficar convencida
- apesar (ou porque) de ter
quase o dobro da sua idade,
o que pode ser um problema
- eu não diria que não,
mas não posso dizer textualmente
que sim...
(trimmm..., trimmm..., trimmm...
o telefone antigo
se pôs a tocar de alegria)
Rio, 01/03/2007