Amor e seus Fragmentos
Hoje enquanto os meus lençóis pareciam disformes
vi as luzes passarem apressadas, sorrateiras, por entre
as frestas do que entendi ser meus próprios olhos.
Entreabertos, em um crepúsculo finito de sonhos
e úmidos pelo tempo e a chance que passou,
vi as cores tomarem formas do seu semblante.
Meus pés se moveram e seguiram um compasso
apressado, desordenado, tendo as estrelas como guia.
Estes passos me levaram de volto à você, sempre à você.
Por entre afrescos de mim mesmo, estendido sob a lua
entendi que fiz as coisas certas, talvez da maneira errada.
No perambulo dolorido de meus próprios passos
a sua ausência me fez entender, minuto a minuto, enfim
que fui frágil e hoje não sou tão forte quanto um dia fui.
O ruído de meus passos produz um silêncio cálido, limpo
e pela ultima vez, rabisco novamente uma última canção,
no verso de um poema remendado, para o meu coração.
Percebo que a tiracolo de mim mesmo, um mundo parou
o meu... E percebo uma mente confusa, amedrontado.
Sinto o pulso do coração... Um coração pesado... Será que vês?
E neste afresco de mim mesmo, estendido sob a lua
entendi que fiz as coisas certas, talvez da maneira errada.
Em sonho, um dia te encontrei e decidimos conversar
esquecendo de nós mesmos, não apenas falar...conversar.
Não posso assumir a promessa de deixar de te ver,
pois está no meu dia... Assumo apenas o fato de te ver.
E decidido, coberto pela amargura de um Quixote, decidi
deixar de pedir-te algo... De te cobrar-te sequer.
deixo até de gritar-te e pedir-te uma primeira segunda chance.
Meus pés me levam de volta à você sempre à você.
e apenas grito, sem nome, sem motivo, meu único desejo:
Que o mundo se desordene e não me dê mais uma chance com você,
porque tenho medo, apesar de querer, de cometer o mesmo erro.
Outra vez.