Samaritana (Vespasiano Ramos)

Piedosa gentil Samaritana:
Venho, de longe, trêmulo, bater
À vossa humilde e plácida cabana,
Pedindo alívio para o meu viver!

Sou perseguido pela sede insana
Do amor que anima e que nos faz sofrer:
Tenho sede demais, Samaritana
Tenho sede demais: quero beber!

Fugis, então, ao mísero que implora
O saciar da sede que o consome,
O saciar da sede que o devora?

Pecais, assim, Samaritana! Vede:
- Filhos, dai de comer a quem tem fome,
Filhos, dai de beber a quem tem sede.
***


Voltou ? (Paola Rhoden)

Senti o coração estremecer
E o meu olhar brilhou com seu sorriso
Nem o cantar azul do rouxinol
Nem o brilhar dourando o som do sol
Fez assim meu sofrer ser mais preciso.

Minha alma triste foi ao seu encontro
Mas minhas mãos frias quedaram quietas
Nem sussurrei palavras vãs e falsas
Travei ao ver as suas cãs tão alvas,

Pois nem o sal das lágrimas vertidas
Somaram sóis ao seu retorno, embora.
Você voltou? Que quer de mim agora?
Esqueça o existir meu ser assim
Vou caminhar sozinha como sempre
Não posso esquecer o que sofri.


Diálogo entre poemas (Adalberto Lima)


Alma minha, gentil Samaritana,
não podes quedar-se travando o suspiro,o choro, 
o grito do filho errante que à casa materna torna.

Se ainda teu coração estremece e chora,
padece o sal das lágrimas vertidas,
somam-se sóis no retorno agora

Se sepultaste em pranto tuas dores,
hás de ressuscitar, curadas as feridas,
e viver a dois muitos amores,

Não recuses tu, ó filha amada
“a voz trêmula que bater à tua porta
vem pedir alívio a seu viver.”

“Este amor insano que anima e faz sofrer.
Tem sede demais, Samaritana.
Vespasiano tem sede e quer beber”.

Adalberto Lima
Diálogo entre Paola Rhoden.
E Vespasinao Ramos
Vespasiano Ramos: imagem Cristina Sena(blog)