DÚVIDAS
Navegação tranqüila
Caule intacto
Sem assombrações
Não foi um iceberg,
Ventania, granizo...
Um pequeno resvalo
Um toque no casco
Risquinho abrindo a seiva
O coração nem percebeu
Nem é necessário
o armador,
o botânico,
o eletrocardiograma
Uma imagem,
Noticia distante,
Um telegrama,
Telefone...
Email, essa modernidade...
E você nem percebe...
Está fazendo água no convés...
A seiva escorre...
Algo palpita diferente
Mexe-se na mansidão do oceano...
Vem uma e outra lembrança
E mais outra...
Uma dúvida...
Uma paisagem diferente na proa
Um jardim parece reflorescer...
Um sonho não vivido...
Melhor e seguro fechar os olhos?...
Tapar o olfato?...
Acordar?...
Confrontar a correnteza?...
Arriscar um naufrágio
Contrariando o navegar tranqüilo?...
Fazer-se enxertos e
Arriscar novas flores
Diferenciar-se do mesmismo...
Sonhar um sonho (im)possível
Sujeitando-se ao infarto feliz
Ou um grande pesadelo
Ou:
Atracar...
Montar um amorfo ikebana...
Deixar a vida passar...
Dúvida na alma
Cheia de fantasmas...