TEMPO DA PAISAGEM E CAMINHO

Minha loucura cola-se à tua boca.

A fonte do meu desejo,

Dita a ordem dos desatinos do tempo,

E grita as intempéries da jornada.

Seus limites extrapolam-se,

Para além das fronteiras.

Alastram-se pelas ilusões, construindo-as,

Examinando-as.

Lambem as bordas do silêncio,

Espraiam-se,

Como quem se lança e morre,

Por um instante, no tempo que para.

Minha loucura cola-se à tua língua,

Irriga-se, ao contato,

Umedecido, pelas palavras de carícias.

Em estado de parto, minha loucura

Nasce e renasce,

Magnânima,

Ao mesmo tempo, em que

É sorvida,

Pelo amanhecer, da nossa paixão

Em brasa.

Da minha loucura colada à tua boca,

Despenha o doce mel

Que escorre pelos sulcos,

De cada palavra de amor.

Desabrocha com força,

Rasgando as cortinas do nosso Céu,

Num derramamento contínuo

De palavras, que beijam a nossa insanidade.

Minha loucura cola-se à tua boca,

E habita no interior,

Das nossas janelas abertas.

Inundando-as,

Com a abundância de sua constante,

E irreverente,

Decantação criativa.

Minha loucura colada à tua boca,

Condensa O ontem e o amanhã,

No agora,

De cada uma das nossas esperas.

Tornando-as

Realidade e sonho,

Passos e pés,

Asas e ninho,

Utopia e Fé,

Paisagem e caminho

Albertina Laufer - Artimanhas do Tempo - Ed. Multifoco - p.161

Albertina Laufer
Enviado por Albertina Laufer em 30/07/2014
Código do texto: T4902504
Classificação de conteúdo: seguro