TEMPO DA PAISAGEM E CAMINHO
Minha loucura cola-se à tua boca.
A fonte do meu desejo,
Dita a ordem dos desatinos do tempo,
E grita as intempéries da jornada.
Seus limites extrapolam-se,
Para além das fronteiras.
Alastram-se pelas ilusões, construindo-as,
Examinando-as.
Lambem as bordas do silêncio,
Espraiam-se,
Como quem se lança e morre,
Por um instante, no tempo que para.
Minha loucura cola-se à tua língua,
Irriga-se, ao contato,
Umedecido, pelas palavras de carícias.
Em estado de parto, minha loucura
Nasce e renasce,
Magnânima,
Ao mesmo tempo, em que
É sorvida,
Pelo amanhecer, da nossa paixão
Em brasa.
Da minha loucura colada à tua boca,
Despenha o doce mel
Que escorre pelos sulcos,
De cada palavra de amor.
Desabrocha com força,
Rasgando as cortinas do nosso Céu,
Num derramamento contínuo
De palavras, que beijam a nossa insanidade.
Minha loucura cola-se à tua boca,
E habita no interior,
Das nossas janelas abertas.
Inundando-as,
Com a abundância de sua constante,
E irreverente,
Decantação criativa.
Minha loucura colada à tua boca,
Condensa O ontem e o amanhã,
No agora,
De cada uma das nossas esperas.
Tornando-as
Realidade e sonho,
Passos e pés,
Asas e ninho,
Utopia e Fé,
Paisagem e caminho
Albertina Laufer - Artimanhas do Tempo - Ed. Multifoco - p.161