Camuflagem

Abotoei o colarinho

alimentei o canarinho

transei a gravata

ajustei a calça

e ali foi amor.

Passei o café

(ou o café me passou)

máquinas oleosas

não me esqueci das rosas

caprichei por dois contratos

eles negociavam sem temor.

No almoço dois casais brigaram

um deles brigou feio,

mas muito feio

mais feio que nota promissória

amarela

e manchada

um deles se estabanou

n'outro o consorte

sem sorte

saracoteou

e se se

perdeu-se se.

Os anais forenses noticiam crimes que o promotor

sem amor

esqueceu de denunciar.

Foi a falta de sentimento

(coloco discernimento)!

que fez-se ali,

a casinha do inatingível

lhe entregar.

Vi excesso de ternura.

ausência de cura

recôndito de pombinha

Que coisa mesquinha!

Avidinha!

Era o amor

que não podia acabar...

Aí passei outro café.

Divórcio consensual,

sem liderança um casal

que discorre sobre amor

ou sobre quem se é

uma espécie de delírio necessário,

sob o excesso do descaso feminino

a petulância do olhar de um menino

que mal sabia prosear.

Escondo-me,

e como quem vai

não pretendo voltar.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 29/07/2014
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