Camuflagem
Abotoei o colarinho
alimentei o canarinho
transei a gravata
ajustei a calça
e ali foi amor.
Passei o café
(ou o café me passou)
máquinas oleosas
não me esqueci das rosas
caprichei por dois contratos
eles negociavam sem temor.
No almoço dois casais brigaram
um deles brigou feio,
mas muito feio
mais feio que nota promissória
amarela
e manchada
um deles se estabanou
n'outro o consorte
sem sorte
saracoteou
e se se
perdeu-se se.
Os anais forenses noticiam crimes que o promotor
sem amor
esqueceu de denunciar.
Foi a falta de sentimento
(coloco discernimento)!
que fez-se ali,
a casinha do inatingível
lhe entregar.
Vi excesso de ternura.
ausência de cura
recôndito de pombinha
Que coisa mesquinha!
Avidinha!
Era o amor
que não podia acabar...
Aí passei outro café.
Divórcio consensual,
sem liderança um casal
que discorre sobre amor
ou sobre quem se é
uma espécie de delírio necessário,
sob o excesso do descaso feminino
a petulância do olhar de um menino
que mal sabia prosear.
Escondo-me,
e como quem vai
não pretendo voltar.