Lenitivo

Tudo é permitido aos amantes:

viver o hoje sem pensar no antes

agarrar-se aos sonhos sem haver depois

contar estrelas pela noite, a dois

e dos seus olhos brotar melodias

no momento da entrega que os sacia

O tempo dos amantes não se conta

pelos relógios apressados, barulhentos

conta-se pelo número de abraços sedentos

e de amassos no aconchego de seu ninho

enumeram-se também os carinhos

trocados na cama, ou no espaço dos beijos

são tantos os anseios, infindáveis desejos

que chegam a ecoar pela noite enluarada

amores tão unidos, seguindo a mesma estrada

Felizes são aqueles que, amantes confessos

dão-se por inteiro aos ritos do amor

aplacam com coragem do coração, a dor

amparam suas mágoas, e secam suas lágrimas

na reciprocidade sacra de seus corpos

e acham lenitivo para qualquer sofrimento

nos braços um do outro, na entrega do momento...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 16/05/2007
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