POEMA DE AMOR A SI MESMO

Deixei de me desprezar:

tenho a ferocidade dos vivos

e a força dos guerreiros.

Posso me reerguer,

apesar dos tiros e dos ataques,

apesar da fome e da doença.

Que eu não tenha quem me ame

já não é tão essencial assim!

Tenho uma vida e respiro

o ar de minha liberdade.

Posso escolher quem

comigo há de deitar,

a quem darei o meu melhor,

o calor de meu ventre,

os meus ouvidos.

E se, de surpresa,

for arrebatada pela paixão,

irei sem medo

de naufrágio

ou de fraqueza.

Irei com tudo: amadurescida

que estou

pelos deslizes do existir.

Irei sem medo de errar,

de me expor,

de gritar na hora do gozo,

de me assumir vadia

quando o outro quiser

ter uma santa ao lado.

Não estou a fim de ser agradável,

nem palatável,

nem aceitável.

Estarei sem máscaras:

meu rosto,

as marcas dos meus embates.

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 16/05/2007
Código do texto: T489564