VIAGEM PARA O NADA
Sempre foi assim, nos primeiros acordes do prelúdio
de um novo dia lá vou eu tocando o barco
para frente sem rumo definido, acompanhado de
muitas coisas que não gosto recordar...
Não gosto de recordar os sorrisos do início da
viagem, as promessas de um amor eterno
incluindo a demonstração das
enganosas asas de querubins...
Só depois de algum tempo foi que
descobri o nome que foi dado a
embarcação em que me encontrava,
dissimulação era o seu nome.
Mesmo assim, tentei conduzi-lo para um porto
chamado felicidade, mas foi rejeitado e por
injunções acabaram tomando rumo nevoento
com direção para o nada...
Convivi com a ordem dos desdéns enfrentando
vendavais de profundos ultrajes e ataques, só por que
tentei construir o bem, mas tomaram-me por
vinho filante medindo-me apenas pelo rótulo...
Perdoei suas nicas, entendi que nem
todos tem o que oferecer a não ser as costumeiras
baldas e ideias mórbidas, felizmente me vi livre
se suas espadas em bainhas prontas para ferir,
com esperança vou tentar viver novamente...