Zero
Falta inspiração, onde foi a vontade?
O mundo parou em xeque, não deu a última jogada,
dormiu o sono pelos abismos da saudade,
não ouço o grito, o riso ou o soluço, não se ouve nada...
Segura o tempo às areias presas em ampulhetas mortas,
o sol perdeu seu rumo no firmamento sem aurora,
não há sim, nem tão pouco contradição,
tudo descansa no nada que sozinho marca a hora.
Falta o sonho, liberdade de expressão aprisionada,
faltam os olhos, a visão, a busca deu lugar à negação,
nos elos da corrente nem a morte é encontrada,
nada é sentido pelo corpo que antes vestia paixão.
Um suspiro apenas e mãos secas abrindo-se a esmolas,
de todos os céus nenhum anjo, nem canto, apenas o silêncio,
quisera ter a mente descrente dessa fé sem história,
o último poeta que em seus versos vive, sorri e chora.
Falta a vontade, onde foi a inspiração?
Em seu derradeiro jogo, o mundo entrou em xeque,
silêncio, é tudo o que resta das vozes que não dizem nada
e os olhos se fecham fazendo noite na alma que perdeu a fé.
23/01/2007