Verão de solidão
A madrugada é fria no corpo que veste verão,
distancias enlouquecidas, pés feridos que buscam o chão,
olhos perdidos em ontem(s) sensatos, sem hoje(s) ou depois,
no peito o vazio elimina a vida que adormece sem emoção.
Estou só a caminhar, busco a mão que me amparou no amor,
nada vejo, tudo quero sem nem ao menos perguntar
de como cheguei a esse labirinto de dor;
que meus passos morram antes do novo destino encontrar.
Busquei pela vida que o tempo impiedoso me tomou,
gritei o amor na mesma força que me fiz paixão,
rompi dogmas alçando vôo libertando-me do passado
e hoje ouço o vento dizendo-me do nada que me restou.
Em que ponto do caminho ficou o amor ao qual me entreguei?
Olho e não vejo as sombras que fui quando fiel acreditei...
Quero outra vez sorrir amor no corpo que permanece verão,
e sorrindo, ser feliz outra vez entoando nova canção.
Trago nos lábios a esperança que beijou o corpo que amei,
horizontes perderam suas linhas nos desenhos que tracei,
acordo assustada do sonho encantado onde o beijo foi magia,
e volto-me ao espelho onde o amor tem sua forma registrada.
A noite cobriu o dia com seu manto espesso de sobriedade,
das estações que embarquei, guardo o verão no corpo de paixão,
sou só, imperceptível poeira jogada à beira da estrada
onde vejo os passos marcados da felicidade vivenciada.
Voltarei paixão no corpo sonhado de outra vida qualquer,
vestirei a alma que deixei morrer sem que levasse a outro destino,
tocarei as lágrimas que secaram em meu corpo de mulher
e tomarei do cálice a mim destinado, sem expressão, sem fé...
07/01/2007