AOS ELEITOS

Amo-te com a força das ondas, em dias de ressaca,

Quando o mar, impetuoso, arrebenta na praia

Com a volúpia de quem sorve o vinho derramado

No corpo nu da amante sôfrega de luxúria!

Como na Idade Média, nas Cruzadas,

Mil soldados cristãos vociferando à frente do inimigo infiel

Com a fé indestrutível de toda uma geração de mártires

Que os precederam nos primeiros anos da Igreja.

Amo-te com um amor iconoclasta e insólito,

Transcendendo fórmulas, regra, conceitos e convenções

Que tentam, sem retorno, enquadrá-lo, circunscrevê-lo.

Porque ele adeja acima da vaidade e do orgulho humanos,

Naquela região onde é lapidado o sentimento mais puro

- Presente dos deuses aos eleitos -