Dias Nublados
Dias nublados vivem na fronteira, entre o sol e a chuva
No limite entre a mão desnuda e a com luva
Entre o inebriante vinho e a inocente uva.
Dias nublados se equilibram em cima do muro
No limbo indeciso entre o claro e o escuro
No hiato do fruto, algo no meio do verde e do maduro.
Dias nublados param o tempo ante a bifurcação
Seguram os ponteiros e sentam-se inertes no chão
Se perdem entre a dura realidade e a fuga da ilusão.
Em dias nublados o vento sorrateiramente desaparece
Aquela necessária mudança lentamente arrefece
Toda música parece soar como lamento de uma prece.
Sem você, minha Estrela e meu sol, todos meus dias são nublados
Passam como folhas de um velho calendário, ao lixo destinados
Inócuos, inexpressivos, irrelevante, facilmente esquecidos e descartados.
Venha, traga a chuva, inunde-me com sua tempestade
Encha meu céu com seus raios e trovões, faça um alarde
Venha por inteiro, disposta a mudar minha realidade.
Venha, queime-me com seu sol escaldante
Entonteça-me com sua luz inebriante
Mude meu norte em um simples instante.
Faça meus dias nublados ficarem esquecidos no passado
Você sabe que seu lugar é exatamente do meu lado
Onde quer que esteja, se não for comigo, está no lugar errado.