contradição

Eu não sei de nada,

Não posso entender.

Eu sou a malvada,

Mas você é quem quer me bater.

Se eu marcar bobeira,

Vou me machucar.

Você só faz besteira,

Mas sou eu quem tem que se explicar.

Que eu vivo inventando,

Que eu só sei encher.

Mas, mesmo reclamando,

Eu não sei deixar de ter você

Quando a noite é nossa

E você quer meu amor,

Eu posso estar na fossa,

Mas te dou com todo o meu vigor.

Sou eu que te infernizo,

Só sei repreender.

Mas quando é preciso,

Você tem o que me oferecer.

Com a tua corpulência

Eu vou me intimidar.

Porém, com a tua ausência,

Eu já sei, não vou me acostumar.

Que eu não te ajudo,

Que eu só sei gastar.

Porém aquilo tudo

Que se tem, foi você que quis comprar.

Eu, ás vezes, penso

Em ter um novo lar.

Você acende incenso

E diz pra eu deixar de delirar.

Rio, 13/08/1977