Pra que serve uma saudade
Eu não consigo te esquecer
os sonhos, curtos, contínuos
assombram, metem medo.
Pra que serve uma saudade
se dentro dela você escapa?
Abre-se os olhos, sem clima de festa
chora como se despertasse vendido
segredo de carência duma louca paixão
Eu não consigo te esquecer
nem no sofrimento distraio a tristeza
padece no imaginário, sem laço, distante
de um dia, o amor, alcançar, feliz encontro.
A saudade rodeia, disfarça alegria
aumenta o tédio, a coragem desaparece
o sorriso invocado, insossa, se contorce.
Eu não consigo te esquecer
esse amor de chama acanhada
não tem cara convidativa ao sucesso.
Nunca nos conhecemos em massa
com a intimidade corajosa, absoluta
do reino dos amantes desembaraçados.
Talvez, os céus estivessem debochando
testando um amor, desamado, inculto, rugoso
ou o tempo em mostra de desordem, estúpido
aos poucos, preparando os corações sem afino.
O conflito estirava e aborrecia a noite
o sono leve, comprometido com o desanimo
fazia os olhos desatentos, espreguiçados
se curvarem diante da ousada sonolência.
Eu não consigo te esquecer
os sonhos, curtos, contínuos
assombram, metem medo...
O tempo não alivia as marcas
presas, apegadas no coração.