AMOR SEM TATO

Bem me lembro das que já tive;

Do pensar que revive: tantos beijos, tantos amores;

Foram muitos os jardins, incontáveis as flores;

Mas de tantas que tive e de tantos amores;

Nada persiste, me traz risos ou dores.

Desses braços diversos, entre abraços dispersos;

Foram muitas as frases, declaradas em versos;

Foram tantas as jovens, por idade ou mentais;

Foram inúmeros beijos, quartos, praças, quintais;

Mas nenhuma restou nos meus sonhos reais.

Vens então do aquém, sem teus braços ou beijos;

Me invades o peito, sem te olhar ou tocar,

E suplantas as tantas que outrora eu tive,

Tantas que eu amei com paixão e prazeres,

Para que te tendo sem ter-te,

Eterno amor tu me seres!

Amor distanciado, separado por força;

Voraz em demasia, realidade em forma de fantasia;

Mesmo a tantas tendo amado, lhes beijado e tocado;

Se o tempo a ti me desse – nesse amor sem tato – mesmo assim te queria!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/05/2007
Reeditado em 06/03/2009
Código do texto: T488049
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