AMOR SEM TATO
Bem me lembro das que já tive;
Do pensar que revive: tantos beijos, tantos amores;
Foram muitos os jardins, incontáveis as flores;
Mas de tantas que tive e de tantos amores;
Nada persiste, me traz risos ou dores.
Desses braços diversos, entre abraços dispersos;
Foram muitas as frases, declaradas em versos;
Foram tantas as jovens, por idade ou mentais;
Foram inúmeros beijos, quartos, praças, quintais;
Mas nenhuma restou nos meus sonhos reais.
Vens então do aquém, sem teus braços ou beijos;
Me invades o peito, sem te olhar ou tocar,
E suplantas as tantas que outrora eu tive,
Tantas que eu amei com paixão e prazeres,
Para que te tendo sem ter-te,
Eterno amor tu me seres!
Amor distanciado, separado por força;
Voraz em demasia, realidade em forma de fantasia;
Mesmo a tantas tendo amado, lhes beijado e tocado;
Se o tempo a ti me desse – nesse amor sem tato – mesmo assim te queria!