LUA AMIGA
Ó Lua branca, me diga
Como é a boca
dela aos ventos
na janela
Velha cantiga
Como quem
a me ver do céu
tão frio
estou eu
Cheio e vazio
Com tudo
Tão vaga
Raia o querer
Mais nada
Das nuvens
às estradas
grita no deserto
o insulto que nos pune
ter como esperança
coração
sonhos
razão
um céu que nos une
raiz entranha
essa dos encorajados
rega a vontade
de viver
de morrer
de nascer
de querer
simples estranhos
agora magoados.
maldito seja
ficou mal dito
razão que oculta
quem aparece
me diz
lua branca
como quem fala
desaparece no céu
como quem diz
brilha
um branco só
no véu
és tu
um nó
Ó lua amiga
crepúsculo de minhas insônias
que ontem
me disse
venha
acorde
me beije
O encontro dos rios
a beijar nossos campos
enaltecendo o brilhar
dos pássaros
aos prantos
do silencio
o incrível
vil canto
quero entender
Lua amiga
Me diga
Se sou livre
Um homem ralé
Porque é sempre
Nos braços dela
Que encontro meu lugar
Um rumo
um mar
coordenadas
de um qualquer
a querer sempre
numa prisão
Trocar minha liberdade
pelos lábios dessa mulher?