REENCONTRO

Enfim te vejo outra vez

Depois de longo tormento,

Quis o destino talvez

Conceder-me este momento

A fim de que me devolvas

A vida, e te comovas

Dos anseios que padeço.

Permitas por gratidão

Humilde beijar-te a mão

Já que a face eu não mereço!

Não fiques apreensiva

Se minha voz se abalar,

Nem te seja repulsiva

A lágrima que eu derramar;

Se me vires suspirando,

A lívida mão tremulando

E a face mudando a cor

Diante do teu encanto,

Não temas, pois te garanto:

É de prazer, não de dor!

Viver os sonhos de outrora

Meu próprio ser duvidara,

Permitas que eu viva agora

O que ninh’alma sonhara!

Diriges-me por instantes

Os reflexos cambiantes

Dos teus olhos tão gentis,

Teu sorriso e a voz louçã,

Que se eu morrer amanhã

Morrerei muito feliz!