Rosa em choque
Um choque. A cor da rosa não é rosada não.
Era de um azul profundo; alazão;
Fria como coração de carrasco.
Nem a que outrora fora, se sabia,
Rosa fechada, de pernas abertas, dormiu.
Um sorriso trôpego escapava dos vão dos lábios,
Como de que perdera a própria tez.
Toda a simpatia que atraíra multidões
Agora era multicor e tinha outros sabores.
A vida da rosa não é mole...
Há sempre quem bula em sua delicada pétala;
E isso, ainda bem, imagina se não;
Se a solidão assolasse a sua falta de cor...
Seus ventricílios florais criam outras matas,
Em verdes prados jamais sonhados,
Seu estar sozinho é uma lenda antiga, amiga...
Espreguiçar de rosa é sono de poeta,
Mas essa não. Espreguiça e dorme
Como pedra; sem chorar a cor que perdera
Ou a tez de uma rosa que jamais
Se perderá em amor ou paixão;
Porém, quem a desejar a achará suavemente...
Carlinhos Matogrosso