Rosa em choque

Um choque. A cor da rosa não é rosada não.

Era de um azul profundo; alazão;

Fria como coração de carrasco.

Nem a que outrora fora, se sabia,

Rosa fechada, de pernas abertas, dormiu.

Um sorriso trôpego escapava dos vão dos lábios,

Como de que perdera a própria tez.

Toda a simpatia que atraíra multidões

Agora era multicor e tinha outros sabores.

A vida da rosa não é mole...

Há sempre quem bula em sua delicada pétala;

E isso, ainda bem, imagina se não;

Se a solidão assolasse a sua falta de cor...

Seus ventricílios florais criam outras matas,

Em verdes prados jamais sonhados,

Seu estar sozinho é uma lenda antiga, amiga...

Espreguiçar de rosa é sono de poeta,

Mas essa não. Espreguiça e dorme

Como pedra; sem chorar a cor que perdera

Ou a tez de uma rosa que jamais

Se perderá em amor ou paixão;

Porém, quem a desejar a achará suavemente...

Carlinhos Matogrosso

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 12/07/2014
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