Pedaços de mim

Marilda de Almeida

Não sou poeta, apenas gosto de por no papel o que sinto e que fica reprimido dentro de mim.

Pois quando morrer, eu sei alguém vai achar tudo isso e vai me conhecer, embora tarde demais.

Talvez eu em minha nova morada , possa ver o que se passa a cada folha virada, a cada lágrima que eu derramei, a cada sorriso que me foi negado.

Pois eu levarei comigo as noites acordadas pensando em tudo e em todos, na solidão infinita que me consumia (hoje me consome).

No carinho recebido, na doação verdadeira, na ajuda recebida e às vezes arrependida, na humilhação por ser fraca, o perdão que não foi pedido e também não foi dado, na família que eu amo e não enxergam o meu amor, o meu carinho.

Penso às vezes o quanto será triste, para quem encontrar as minhas memórias perdidas num caderno ou numa pasta de um computador.

Agradeço a Deus pelo que sou e tenho, sou feliz a minha maneira..

Queria ser melhor, independente, mas não consigo, acho até que são barreiras impostas, para eu aprender a lutar e buscar pelo que desejo, para fazer eu crescer na minha fé, para eu crer num Ser Superior que está a meu lado e eu não consigo ver, pela minha fraqueza de fé.

Por medo e que sem querer aos poucos me deixo levar pela insegurança, pelo desespero, pela angústia que vai crescendo e tomando conta de mim.

Medo de perder, medo de sentir a dor da ausência, da saudade que bate em meu peito a cada minuto, dos cabelos brancos que hoje eu afago.

Do grito abafado pela dor, dos caminhos que não pude trilhar, da porta fechada na hora em que eu mais precisava, do carinho, do abraço que não veio.

Agora só resta os meus sonhos de menina, e o silêncio guardado nos porta-retratos dos dias que vivi buscando a felicidade, se é que ela exista plenamente.E sem nenhuma esperança, fica aqui o pedaço de mim, perdido nas tuas mãos sem nada poder fazer.

Marilda

15/12/2006

Marilda de Almeida
Enviado por Marilda de Almeida em 15/05/2007
Reeditado em 15/05/2007
Código do texto: T487610