Beija-Flor.
Em minhas veias o veneno escorre límpido e com um aroma sedutor.
Confunde o teu sentido meigo e sensível, meu lindo beija-flor.
E te sufoca nas espirais gélidas do meu insano amor.
Canto com a dor que rege meu pranto, fosco é a cor insólita do meu abismo sem fim, onde minha alma dança desvairada, calma, apaixonada.
Pelo teu perfume inebriante, me aprisionando pétala doce e abandonada, nesse teu fúnebre jardim.
Ai de mim! Que incapaz sou e ao te voo não alcanço, do fel amargo de teu desejo me despeço, e ao me lamentar pelas juras que se foram, magoada flor, entre espinhos me fecho.
A chuva lembra ao tato o banho do teu suor, convertido em gotas gélidas tão distintas do teu calor, e me afoga nesse mar sem gosto, sem cor, ao me encontrar sozinha sem tuas asas, meu pequeno beija-flor.
E nos teus beijos levastes minha cor, lambuzando outras flores com o que restou de minha dor...
Que ainda canta em silêncio, por tua volta, meu amor.