Inutilmente
Sei lá o que estou sentindo agora
Prefiro mesmo me isolar e replicar
Sejam esses sorrisos tontos que me fazem delirar
Esse calor despeitorado que me faz arrepiar
Quero mais e mais, sair daqui com você
Viajar para um lugar simplesmente nosso
Eu, você e seu olhar
Quem sabe lá o que iríamos sentir
Não sei se lá teria comida, camas
Não sei usaríamos roupas, seria pudor demais
E que deslumbrante seria ouvir apenas os animais
E você, a musa inspiradora de toda a fauna e flora
Do meu paraíso divinal
De repente encostei numa onda,
Sabe, me joguei mesmo
E se atirar ao abstrato é me perder em você,
Suas maresias
Ficar tonto mesmo, perder a noção,
Nossas sinestesias
Cansei de ficar nesse “chover no molhado”
Nesse “em cima do muro” da inocência,
Tomei meu rumo sou do lado que você escolher,
Uma masoquista dependência
Não me canso de banhar nessas águas límpidas
Esses dois rios inteiros que somos nós,
Sem direção, sem pedir licença
Ficar ao seu lado exige audácia,
Tua figura afável atrai
Fico com ciúme, troco farpas
Comigo mesmo, atiro sandices
E você pouco se entreva, pluma de doçura,
Inabalavelmente terna
Quem não gostar de você deve estar louco,
Ou apenas ter inveja
Sabe, explicar o que acontece ao ser humano, é metafísico demais
Escreveria tratados de o que você me faz,
Precisaria de bulas e receitas, é demais
É estar em completo transe na correria do dia a dia
Ficar de fora do agitado cotidiano,
Ficar parado e admirar a poesia
Sendo você um soneto medieval,
Eu cavaleiro trovador, bruto animal
Querendo levar a donzela pra casa,
Fazer-lhe serenatas, romeu e julieta
Meus sonhos duram mais
Que um verão inteiro, alvoradas!
Enquanto engrandeço o vocabulário para definir
Chamo a você de infinito,
O que demoro um dia inteiro para ver
E que o tempo não definha, morre,
É morte súbita estar com você
Passaria a eternidade nessa embalsamada redoma,
Farei a você mil promessas
Que é pra ver se um dia volta,
E faz comigo todo esse rebuliço
Que é pra eu mal me acostumar
A tentar e nunca delimitar
O que chamam de amor e tem codinome você
Gabriel Amorim 06/07/2014