Poema
Sigo destino de córrego
cantando enquanto busco compor o meu caminho.
Necessito distanciar-me da vertente
no curso, sem retorno, do fluxo que me leva
transpondo o que me impede
de chegar sonoro à foz.
Por isso, às vezes, me derramo
por estender-me além das margens...
E sigo e fico quando dou de mim às flores,
quando me deixo pelo caminho
feito lâmina de açude onde a lua vem pousar.
Eu invento meu trajeto
sinuoso pelo tempo,
mas nas águas que me levam
também seguem as estrelas
que se banham no meu vidro
e a clave das auroras
que recolho onde transito.
Meu destino é ser andança
e refazer-me diariamente
de nuvem derramada e lágrimas noturnas.
Pois preciso alcançar
as mãos que me acolhem,
e os olhos que me guardam.
Eu nasci pra ser poema.