*AMAR EM DEMASIA*

Ninguém é de ninguém dizia o outro
Num ímpeto de liberdade em igual
Mas, ambos choravam os dissabores
Da luta pelo amor em desigual

Amor quando se dá amor recebe
Na busca ferrenha do querer
O coração sucumbe, empobrece
Da ausência que ao outro faz sofrer

Matriz e filial não se coadunam
Os olhares faíscam em desprazer
A luta pelo amor vai fenecer

Uma, vira ateu para os queixumes
A outra espera tempo pra vencer
Os três aposentam o bem-querer

Amores, sofrimentos, risos, gozos...
Em dias tão difíceis, solidão...
Noutros momentos somos andrajosos,
Mendigos que procuram por perdão...

Os dias sempre assim, tempestuosos.
Maltratam um faminto coração
Que busca em mil amores belicosos
Caminhos bem distintos, solução.

Na dor da perda eterna sem ter sido,
Na dor de se saber somente resto.
Assim talvez, amor já não empresto.

E sinto-me, por isso enfim vencido
Da dor deste desejo que é fatal;
A vida se passando... eu... filial...

SOGUEIRA
Marcos Loures

Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 14/05/2007
Código do texto: T487106
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