NÃO POSSO

não posso aceitar o que a vida dita

não posso

não posso viver infeliz porque assim o destino escolheu

não posso cortar minhas asas e aceitar a imobilidade

dizer:

foi-se, foi-se a felicidade

não posso ser a praia vazia

a noite fria

o porto

morto

o mar em escaramuças

não posso desistir da nossa história

não posso aceitar a distância de nossos corpos

nossas almas perdidas

esquecidas

não posso impedir que me venham lágrimas aos olhos em torrentes

brancas tempestades devastadoras

não posso

impedir o rio de ser mar

amar, amar e amar

ainda que muito eu tenha que chorar

à tua espera

sob a frondosa nogueira que nos abrigava no passado

eu me pergunto se tudo acabou

então porque ficou guardado?

no meu ser tatuado

tanto amor, tanto amor acabar-se assim?

é morto o nosso jardim?

"dos sonhos, dos sonhos"

foi um sonho

e foi lindo

durou o tempo que um sonho dura

teve vida breve e leve

então porque o peso dos anos?

dos planos?

que não deram certo

não posso, não posso esquecer o que se passou... não posso

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 02/07/2014
Código do texto: T4866921
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