NÃO POSSO
não posso aceitar o que a vida dita
não posso
não posso viver infeliz porque assim o destino escolheu
não posso cortar minhas asas e aceitar a imobilidade
dizer:
foi-se, foi-se a felicidade
não posso ser a praia vazia
a noite fria
o porto
morto
o mar em escaramuças
não posso desistir da nossa história
não posso aceitar a distância de nossos corpos
nossas almas perdidas
esquecidas
não posso impedir que me venham lágrimas aos olhos em torrentes
brancas tempestades devastadoras
não posso
impedir o rio de ser mar
amar, amar e amar
ainda que muito eu tenha que chorar
à tua espera
sob a frondosa nogueira que nos abrigava no passado
eu me pergunto se tudo acabou
então porque ficou guardado?
no meu ser tatuado
tanto amor, tanto amor acabar-se assim?
é morto o nosso jardim?
"dos sonhos, dos sonhos"
foi um sonho
e foi lindo
durou o tempo que um sonho dura
teve vida breve e leve
então porque o peso dos anos?
dos planos?
que não deram certo
não posso, não posso esquecer o que se passou... não posso