Vestida de sol.
Não bebo vinhos, antes eles me tragam, me sorvem, me absorvem em seus buquês, em suas pétalas que, da sobriedade me consome.
E mesmo antes de me deixar embriagar, me entorpeço de teus mistérios.
Sou por ele absorvido, tragado pelo teu perfume, e pela boca que da taça me escraviza.
E reescrevo minhas estórias em versos, meus rabiscos. Linhas tortas de uma alma comprometida, pensamentos aglomerados.
Rabisco de mãos trocadas, para confundir quem me ler, e tentando, se percam na estrada, sinuosa e íngreme que me leva ao lugar nenhum de mim mesmo. E se a quero e desejo, não te quero vestida de mais nada, que não do amor suave, do beijo teu que embriaga, de bocas sedutoras, de olhares de desejo, de paixão. Não te quero nada e te quero tudo, nua agarrada em meu peito assim, desse jeito, desse modo.
Nada mais havia, que o sinistro encontro de almas e pessoas desencontradas, marcadas pelos desencontros dessa vida que confunde e mistura sentimentos e momentos, faz de trovas simples momentos e de acasos, mágicos encontros.
Por entre os dias escapam as horas a nos aviltar o sossego, a trazer o medo do instante seguinte. E os segundos, qual vilões de nossa calma roubam nossas almas em turbilhões de suspiros que se perdem no vazio das solitárias horas.
Vestida de sol, coberta de luas e estrelas que lhe caem dos cabelos feitos cometas, raios cintilantes que dos teus olhos preenchem os céus dos olhos meus. Sorvo-te em generosos tragos que da alma me arranca a calma, me embriaga a dor. E na insanidade deste sentimento que me possui, perco-me e me encontro no brilho intenso de teus beijos, cálice sagrado que vitupera minha lógica e razão. Amo-te no simples ato da entrega absoluta.