O AMOR É PORQUE É.
O amor não é uma tatuagem
Que fazemos e depois por arrependimento
Temos que apagar
É fechar os olhos e sentir-se dentro do mundo
Da pessoa que você ama de verdade...
É um grande encontro dentro do silencio profundo
Não é ter que encontrar amigos sem sermos
Mas ter que nele encontrar-se consigo mesmo...
Amar é existir pra no outro se viver
E não viver pra si, mas esquecer-se de si noutro ser
O amor não é o que tempera a vida
Mais sim a vida que o tempera de tão ávida que o é
Para que o encontro se faça noutro ser
Como o fermento ínfimo está para que a massa possa crescer!
O amor é tão importante
Como os cílios que se abrem nos instantes
Que batemos porque vivemos nos amantes
Como os lírios do campo
Que vicejam como o vento que farfalha as folhas
Como o champanhe que estoura libertando a rolha
Em cujo cálice explode as bolhas
Loucas para chegar aos lábios e explodir no céu da boca
E na língua se perder no gole
Como o fogo que é alimentado pelo fole
O amor é como um mendigo
Não tem teto nem umbigo
É eterna bigorna lutando com o prego
O amor é cego
Um cisco no olho
Que quando pedimos pra assoprar
Ele chega e se esvai
Não se sabe pra onde o lixo leva a espelunca
Mais sai e sequer sabemos como se adentrou
O amor é uma fonte que não seca nunca
E a sede nós a matamos na cacimba de quem nos abandonou
Mais a saudade é um frio assassino que nunca nos matou...
E o amor é como a transparência de seu regato
Tranquilo em sua recorrente correnteza, mas ardiloso
Como a presença indefectível de um gato