Versando-te
Águida Hettwer

Nos intervalos dos silêncios,
Descortina em mim um sonho,
Uma palavra se despia em suplícios,
Voraz saudade arrebata a alma interponho.

Desfaço-me de máscaras e encantos,
O poema lateja no peito em cortejos
De face lavada, divido meu pranto entre tantos,
Num amontoado de desejos,

Noites insones, em minhas fantasias,
Eu me pergunto?
-Em que lugar secreto tu habitas!
Procuro-te nas madrugadas frias...

Nas serestas das janelas, te espio,
Sem ao menos que me decifrasses,
Tantas poesias já te versaram, sem que tu soubesses...


13.05.2007