enlevando aquele morno alvorecer 

       ... e meus sentidos ainda exalavam madrugada...
 
       Chegara com os pés cansados das tantas caminhas,
       sonhando olhos entrelaçados e palavras sufocadas em beijos
       Chegara com a alma aflorada de saudade,
       com as mãos caidadas de vontades
       ... Homem habitado de desejos...
      
       
Sabia que ali encontraria um ninho a sua espera,
       desceu pois enevoado,
       com luas nos olhos e dedos em asas...

      
 Talhava-lhe afogar-me em seus braços,
       em seus lábios... entre seus dentes !
       ... E a fome lhe escorria por sobre a lâmina ardente,
       enquanto toda a minha escuridão estalava em brasa !

       Ahhh... Convertia-se em minha pele
       sublimando os precipícios da febre
       pra dolorosamente de novo me despir...
       
      E agora que te recebo tempestade em mim,
       deixes que à margem do corpo arda o fogo dos néctares ! 
       Tomas-me amor...  
       mais uma vez...    e outra...    e outra ! ! !
     
       Que meu sangue te seja doce sinfonia !
       Que te sejam vida o meu dorso e os morangos de meus lábios,
       posto que de nada adianta o fado da existência
       sem que seja querência habitada pelo teu sonho !
 
       Detendo um sorriso embriagador nos lábios,
       apenas impeliu-me num lascivo sussurro:
       -  ... Respiras-me...

 
       Com a alma macia e os olhos em pétalas,
       espargi-me naqueles acordes
       e novamente deslizei líquida para dentro da noite...




 
A noite dos teus quereres sempre me será cálice de vida e morte.

 
  
 
 

Denise Matos
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 26/06/2014
Reeditado em 26/06/2014
Código do texto: T4859165
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