VONTADE
Vem para alimentar meu desespero de ser real.
Vem beijar-me pela brisa, tocar meu manancial,
Acariciar meus cabelos como jamais foi feito;
Em cada pequeno trejeito um método sem igual.
Vem acordar-me pela noite como o frio da madrugada
Que deixa a pele arrepiada sem causar pudor algum.
Vem como qualquer um revelando-se carnal,
Mas com domínio sem igual sobre um saber incomum:
O de deflagrar o meu ego e botar fogo em meu olhar,
Fomentar minhas fantasias e me "reessencializar!"
Vem trazendo com ternura toda classe de perturbações,
Transformando minha noite em tempestade de emoções.
Fazendo chover em meu corpo com a simples imagem que faço
Do vai e vem absurdo das ondas em que me enlaço,
Frutos da minha lembrança do nosso único abraço.
E se sou alma, ou se sou mente, ou se sou carne, ou todos três,
Nada importa o conceito sempre o deixa à revês.
Eu lendo nas entrelinhas o que nos é indizível,
Você contendo este anseio na vertente do possível.
E cada vez mais ruidoso o desejo ensurdece.
Uma letra se sublima a máxima vera aparece:
É maior que o inaudito e está além do querer,
Tampouco é pura vontade, é vontade de prazer.