VONTADE

Vem para alimentar meu desespero de ser real.

Vem beijar-me pela brisa, tocar meu manancial,

Acariciar meus cabelos como jamais foi feito;

Em cada pequeno trejeito um método sem igual.

Vem acordar-me pela noite como o frio da madrugada

Que deixa a pele arrepiada sem causar pudor algum.

Vem como qualquer um revelando-se carnal,

Mas com domínio sem igual sobre um saber incomum:

O de deflagrar o meu ego e botar fogo em meu olhar,

Fomentar minhas fantasias e me "reessencializar!"

Vem trazendo com ternura toda classe de perturbações,

Transformando minha noite em tempestade de emoções.

Fazendo chover em meu corpo com a simples imagem que faço

Do vai e vem absurdo das ondas em que me enlaço,

Frutos da minha lembrança do nosso único abraço.

E se sou alma, ou se sou mente, ou se sou carne, ou todos três,

Nada importa o conceito sempre o deixa à revês.

Eu lendo nas entrelinhas o que nos é indizível,

Você contendo este anseio na vertente do possível.

E cada vez mais ruidoso o desejo ensurdece.

Uma letra se sublima a máxima vera aparece:

É maior que o inaudito e está além do querer,

Tampouco é pura vontade, é vontade de prazer.

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 23/06/2014
Reeditado em 07/03/2017
Código do texto: T4855621
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